OESCAMBAL
segunda-feira, setembro 11, 2006
nada a declarar

Domingo. Jogando paciência e pensando no que escrever para amanhã n’oescambal. Nada. Não vou escrever nada. Não tenho nada para dizer. Pouco me importa o furdunço no Oriente Médio. Querem entender o que está acontecendo lá? Talvez o Said Ali explique. Eu não. Não tenho nada a ver com aquilo. Não sou Judeu, Libanês, nem muçulmano. Ou seja, esta guerra não é minha. Petróleo? Que queimem toda essa merda que só polui. Para que precisamos de plástico?

Eu poderia não falar das eleições. E não vou falar das eleições. O Lula vai se reeleger no primeiro turno, em Santa Catarina o Luis Henrique também. Não vou votar também. Ainda não transferi meu título de eleitor para Florianópolis. Aliás, não é uma pândega essa propaganda eleitoral? Educação, saúde e segurança. Quem é contra isso? quem é contra redução de impostos? Não há debate. Troca de idéias. Como trocar idéias que não existem? “Cuidar das pessoas”, que discurso vazio. Claro que você vai cuidar das pessoas animal! Vai cuidar de quem? Mesmo que só arrume emprego para seus parentes, ainda assim ninguém poderá negar que apesar de poucas, você cuidou de algumas pessoas.

Eu poderia falar da situação econômica, da falta de trabalho. Mas como estou trabalhando, não vejo falta de trabalho. Trabalho há, o problema é encontrar ele. Quando vejo o desinteresse dos meus alunos vejo porque o país vai mal. Vejo porque daqui a dez anos muitos deles estarão ali na propaganda eleitoral reclamando da falta de trabalho, da falta de transporte público, da falta de saúde, da educação precária dos seus filhos. Ainda não entendi porque tem muito pai que não se preocupa com a educação dos filhos. Claro que nem todos saem da escola intelectuais. Nem da universidade saem intelectuais. Da escola sairão pedreiros, cozinheiros, garçons, motoristas, ambulantes, prostitutas, barmans, publicitários, jornalistas, assassinos, corruptos, funcionários públicos. Sai todo tipo de gente da escola. Mas por que essas pessoas que saem, quando vêem que seus filhos estão lá, nas mesmas cadeiras sujas, comendo o mesmo pó de giz que eles comeram não fazem alguma coisa para que seus filhos tenham uma educação melhor? Não sei. Cansei de pensar sobre isso. passei quatro anos da minha faculdade pensando sobre isso. Nos dois anos do mestrado não pensei sobre isso. Agora que estou diariamente encarando crianças, algumas inteligentes, outras preguiçosas e desinteressadas, vejo que a culpa não é de ninguém. Não é minha que sou professor, não é do diretor da escola, não é da orientadora educacional, não é do pai, não é do governador, é de todo mundo.

Eu poderia falar também dos filmes que não vi: do filme novo do Almodovar, que não chegou aqui ainda. Do Zuzu Angel, do novo filme do Cacá Diegues, do Doce Vida do Fellini que revi Sábado à noite e vi muita coisa que tinha me passado despercebida, como aquele palhaço que entra tocando uma música triste no trompete, no Cha-cha-cha, onde Marcelo leva seu pai para tomar umas e ver a mulheres dançar, e depois quando ele sai os balões vão seguindo o trompetista. A religiosidade mais uma vez fulcral. O santo carregado pelo helicóptero, Anita Ekberg no Vaticano, as crianças que juram terem visto Nossa Senhora, fantástica cena, o desespero das pessoas destruindo a árvore para pegar os galhos e folhas do suposto lugar onde ela teria aparecido, seria a fé a última coisa que lhes resta, numa Roma em reconstrução? Sem rumo como o personagem do Mastroiani, errando em busca de algo que não sabe bem o que é? Mas não quero falar de cinema, nem do X-men III, que ainda não vi, nem que o Lázaro Ramos fazendo comédia lembra muito o Grande Otelo.

Também não vou contar que encontrei a primeira edição da “Trombeta do Anjo Vingador” do Dalton Trevisan, que ia dar o livro de presente mas não vou mais. Também não vou contar porque não vou dar mais o livro de presente. Eu poderia falar que reli “Memórias Sentimentais de João Miramar” e fiquei feliz por ter compreendido um pouco melhor do estilo do Oswald. Já contei que comprei em São Paulo o volume de poesia da sua obra completa? Pau-Brasil e o Caderno juntos. Delícia. Cada vez mais adoro ele. Também estou lendo o “A insustentável leveza do ser”, do Kundera. Descobri que o livro estava na lista dos mais vendidos de oitenta e cinco. E na locadora aqui perto de casa tem o filme. Mas só vou ver depois de terminar de ler o livro. Putz. Nessa locadora tem também o “lavoura arcaica” e “taxidriver”, é, aquele do Scorsese com o de Niro. Mas ainda não os aluguei. Vai ficar para uma próxima. Ainda quero ver “Crianças invisíveis”, pelo trailler parece ser ótimo.(coragem! está acabando).

Tanta coisa acontecendo por aí, e eu aqui no final de tarde de um Domingo azul, pensando em coisas para não escrever no meu texto de segunda-feira no blogue. Essa mania de querer parecer inteligente, de querer mostrar que sei mais coisas do que sei na verdade, de querer ainda conversar com as pessoas sobre isso. De acreditar que isso possa de alguma forma me ajudar em ter um trabalho melhor, como naquela reportagem de uma Trip que li, sobre pessoas que montaram seus próprios trabalhos, com design, editoras alternativas, produtoras, gravadoras, moda, há tanta coisa legal por aí, só falta aquele insight para tocar pra frente. Mas para quê? A vida é legal assim, ganhar pouco, cumprir horário, pegar ônibus todo dia, ir pouco ao cinema, ter pouco tempo para ler e estudar, menos ainda para escrever. Mas para que ler, escrever, estudar? Você já não saiu da escola? Bom, sobre isso tudo, acho que não tenho nada a declarar mesmo. Entre a miséria do mundo e a fantasia, entre a realidade e o cinema, eu fico cá com minhas poesias e devaneios. E projetos feitos de nuvens e algodão doce. (ufa! terminou...)


Luisandro posta aqui nas segunda sempre algo de sexta.
ps. fui o visitante número 2000.

L. M. de Souza 2:24 PM



Literatura, lixeratura, Música, Cinema, Teatro e outros bordéis.

Adriana Scarpin- domingo
Luisandro - segunda-feira
Caio Ricardo- terça-feira
Juliana - quinta-feira
Lucila - sexta-feira
Flora - sábado
orig.obsc.; talvez relacionado com a raiz de cambada, com alt. de sufixo para -al 'grande quantidade' e depois grafado com -u, seguindo a pronúncia do -l final, predominante no Brasil, *os cambal > *o scambal > o escambau, ou ainda da raiz de 1cambo/1camba, por processo semelhante; levantou-se ainda a possibilidade de o voc. originar-se de *os cambau > *'s cambau > *scambau > escambau, hipótese que se poderia admitir do ponto de vista da fonética sintática, mas que seria de difícil sustentação do ponto de vista semântico.pode significar ao mesmo tempo: algo que não é verdade, grande quantidade, uma coisa incrível ou a expressão "e muito mais" ... e o escambau
(...)
ADRIANA SCARPIN

Eu existo. Ou não. Visite seu blogue.

CAIO RICARDO

Eu estou poemando, logo existo, ou pelo menos insisto. Essa é uma das minhas meditações, uma espécie de mantra semântico, esse é meu canto assintático. . Visite seu blogue.

FÁBIO CEZAR

Carioca, graduado em Letras, é poeta, músico e professor. Participou como guitarrista e compositor em bandas de rock na cena underground. Escreve em colaboração a revistas, jornais e sites culturais. Editou o zine literário Falárica em edições eletrônica e panfletária, através do qual divulgou sua poesia e de outros poetas e prosadores. Mantém o blog Tediário Poetético .
, laboratório poético onde expõe suas "hipatéticas experiências eletro-estéticas". É autor de Polivocalia (e-book, ed. do autor), além de outros poemas, artigos, ensaios, crônicas e uma peça de teatro inéditos. Visite seu blogue ou site.

FLORA HANNAH

Flora Hannah ou Graciele Tules, a Graci?! Você é quem sabe. Flora é a criação, Graci é a criatura, além de uma pretensiosa aspirante de professora, fotografa e poetisa. Ela nasceu em 1981, em Joinville, e passou a infância ajudando seu pai a arrumar o encanamento entupido. Hoje passa os dias a contar e assassinar moscas. Visite seu blogue

JU REPCHUK

Olho o tempo passando pela janela do meu quarto. Tenho teorias malucas. Ando lendo revistas em excesso. Ando rindo em excesso. Ando grávida. Ando professora de inglês. Ando a pé. Ando mascando o chiclete. Paranaense cosmopolitana. Otimista com as pessoas. Comigo mesma. Aprendendo o manuseio correto das palavras. Conhecendo novas bandas de rock. Apaixoanda por lecionar, por cantar, por namorar... Prefiro o PC à TV. Adepta do widescreen e linguagem original no vídeo. Aprendendo Francês. Tendo uma queda no Alemão. Ainda tenho muito que aprender do Inglês. Da vida.

LUCILA

Pinto (ops), bordo, chuleio, crocheteio e tricoteio, não dirijo e nem ando de bicicleta, tenho talento pra finanças e pro desenho, encanto mais do que canto e a única coisa que quero aprender a tocar é a alma das pessoas. Sobre artes não sei muito, menos ainda da arte de amar. Leio muito menos do que gostaria e muito mais do que as pessoas que convivo. O sol em aquário faz com que a tecnologia e o novo guiem minha vida, a queda que tenho pelo belo, pelo sofisticado e pelo erótico, libra explica. Amo os animais até mesmo aqueles que partiram meu coração. Tenho um sorriso farto e fácil, boca bonita, lágrimas escassas, um bom humor praticamente inabalável e dificuldade de chorar apesar das dores. Me apaixono todos os dias, quase sempre pela pessoa errada, amar amei pouco e fui amada por muitos, não sou uma pessoa de fácil convívio apesar da primeira impressão. Não ligo para presentes, mas sou movida a elogios. Gentilezas e educação me conquistam instantaneamente. Prefiro lambidas à mordidas, mas não me provoque... Visite seu blogue.

LUISANDRO

Catarinense de nascimento, Paranaense de coração. Professor, pô(eta!), apaixonado por Dalton Trevisan, Fernando Pessoas, Woddy Allen e é lingüista também só pra variar. Desvive em Florianópolis (infelizmente não na ilha). Só não fugiu com o circo porque a única coisa que saberia fazer é alimentar os animais. Quer publicar um livro e fazer um filho (um dia desses de chuva, quem sabe?). Visite seu blogue.
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