OESCAMBAL
segunda-feira, setembro 18, 2006
quero ficar famoso

Vou escrever um best-seller. Será uma história de aventura. Pincelada com aspectos históricos. Um romanção de aventura no qual o foco narrativo seja o enredo e não as pessoas. Por mais que eu goste de histórias que falem de pessoas. Mas se a história vem em primeiro lugar fica mais envolvente, afinal, todos querem saber como termina a dita.

Pode ser a história de um casal de jovens que não podem ficar juntos porque as famílias são arquiinimigas. Poderia se passar no vale do Itajaí. Uma família é descendente de italianos e outra de alemães. Os alemães não se demovem da idéia de que se Mussolini tivesse segurado as pontas daquele lado, o final da guerra teria sido outro. Além dos alemães terem ganho uma copa dentro da Itália, agora a Itália inventa de vencer a copa da Alemanha, que despautério! Nunca que o Nono deixaria que sua neta querida casasse com uma draga de chopp, comedor de salcicha, que nem sabe fazer queijo direito. Acharam que era Romeu e Julieta? Catso!

Ou ainda pode ser a história de um jornalista. Na verdade ele não é jornalista. Mas a única coisa que sabia fazer direito era escrever. Pelo menos era o que ele achava. Apesar de continuar trabalhando na empresa de correios e telégrafos, ter tentado o serviço militar, mas desistiu depois que um sargento quis passar a mão na sua bunda. Fugiu antes que ele quisesse passar outra coisa. Já viu o tamanho de uma granada? Como era boêmio e altamente suscetível à promiscuidade deixando-se seduzir facilmente pelos doces cheiros da noite, pelos aromas cítricos das putas, pela suavidade e burrice de algumas ninfetas colegiais foi morar na metrópole. A província já era pequena demais para suas ambições. Não, não é a minha história, poderia ser a história do Henry Miller, do Caio Abreu, Faroeste Caboclo?. Quem não gosta de uma putaria que atire a primeira pedra. (ops! Essa passou perto). Isso! recheada de episódios sensuais. Ele se apaixona por uma meretriz e vive às suas custas durante dois anos. Come todas as amigas dela e no final foge com uma normalista filha de um coronel reformado do exército. Só de vingança.

Pode ser uma história simples. De um homem simples. Tem seu emprego na repartição pública. Preenche relatórios, carimba e assina papéis, envia memorandos, atende as pessoas, resolve problemas do intrincado sistema burocrático estadual. E diz a pessoa que volte amanhã após ter preenchido o formulário correto, todas as três vias, e não esquecer de anexar os documentos fotocopiados e autenticados; Claro! comprovante de residência é imprescindível. Chega em casa, a namorada pergunta se ele quer ir ao cinema. Ele diz que não, ela deveria ter agendado o compromisso com três dias de antecedência. Na Quarta-feira o seu time joga pela série B. Ela fica chateada. Natural. Mas não muito. Porque o namorado dela é assim mesmo. Ele tem um bom emprego, um bom salário, um bom carro, e quando eles casarem vão comprar uma boa casa financiada e serão felizes com seus filhos e objetos de decoração da Havan, panelas de inox da Tramontina e a imensa e barulhente televisão de plasma de 42’. Mas ela ainda não sabe que ele comprou uma mochila de viagem e está economizando para fugir de moto com a estagiária do almoxarifado. No final ele acaba casando com a namorada mesmo. A estagiária fugiu com o chefe do departamento para o Caribe (dizem que ele está sendo processado por desvio de verbas).

Também pensei numa ficção historiográfica sobre o Contestado. O nosso herói é um caboclo que passa pelos principais acontecimentos históricos do Paraná e de Santa Catarina. Conhece o profeta João Maria, fica hospedado na casa dos Marcondes. Luta na Guerra do Contestado. Assiste ao primeiro desastre aéreo militar do Brasil em General Carneiro. Trabalha na Lumber. Vem para Florianópolis e trabalha na construção da Hercílio Luz. E serve o cafezinho no Palácio Cruz e Sousa durante a assinatura do tratado de limites entre os dois estados. Só não entendeu porque dividiram União da Vitória e Porto União em duas cidades. Bom, se Juazeiro e Petrolina são divididas pelo São Francisco, que mal há em dividir duas cidades pelos trilhos do trem? Só que agora não há mais trem e os trilhos são decorativos, onde ainda eles existem. A história pode ser contada pelo próprio personagem, que relembra suas aventuras, como daquela vez em que urinou em uma fonte. Esqueceu de avisar ao Profeta que a água não era boa. Azar o dele, e do povo que depois ficou dizendo que a água era benta.

Depois de escrito o livro, precisaria arrumar um editor. Escrever para os jornais, arrumar contatos na Bravo!, na Cult, uma entrevista no Jô, uma resenha no caderno Mais da Folha, no Rascunho, na Veja. Se der certo, negociar uma adaptação para virar minissérie da Globo, ou filme dirigido pelo Guel Arraes ou Cacá Diegues, com trilha do Caetano e do Lenine. Pronto, daí vou ganhar um bom dinheiro, já vou ter um contrato para pelo menos mais um livro para ser lançado na próxima feira do livro de Paraty, vou ser convidado para noites de autógrafos nas mega-stores das principais livrarias do país, na Fnac, na Saraiva. E se vender bem mesmo, ainda terei traduções para o francês e o inglês. Ficarei amigo de caras como o José Castelo, o Carpinejar ou o Marcelino Freire; este me convidará para juntos montarmos uma produtora cultural. Darei conferências em congressos e universidades, algum jornal vai me oferecer uma coluna semanal e as jovens estudantes de letras me escreverão cartas apaixonadas me convidando para jantar, loucas para conhecer minha biblioteca e minha casa na Praia Brava (ou na Solidão, ainda não decidi).

Nisso o telefone toca. Uma funcionária do Banco do Brasil perguntando se estou ciente do atraso no pagamento da fatura do meu cartão de crédito e quando posso regularizar a situação. Respondo convicto: depois que publicar meu primeiro Best-seller.


Luisandro escreve aqui nas segundas um textáculo (ou textículo) de sexta. Visite seu blogue.

L. M. de Souza 2:14 PM



Literatura, lixeratura, Música, Cinema, Teatro e outros bordéis.

Adriana Scarpin- domingo
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Caio Ricardo- terça-feira
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Lucila - sexta-feira
Flora - sábado
orig.obsc.; talvez relacionado com a raiz de cambada, com alt. de sufixo para -al 'grande quantidade' e depois grafado com -u, seguindo a pronúncia do -l final, predominante no Brasil, *os cambal > *o scambal > o escambau, ou ainda da raiz de 1cambo/1camba, por processo semelhante; levantou-se ainda a possibilidade de o voc. originar-se de *os cambau > *'s cambau > *scambau > escambau, hipótese que se poderia admitir do ponto de vista da fonética sintática, mas que seria de difícil sustentação do ponto de vista semântico.pode significar ao mesmo tempo: algo que não é verdade, grande quantidade, uma coisa incrível ou a expressão "e muito mais" ... e o escambau
(...)
ADRIANA SCARPIN

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CAIO RICARDO

Eu estou poemando, logo existo, ou pelo menos insisto. Essa é uma das minhas meditações, uma espécie de mantra semântico, esse é meu canto assintático. . Visite seu blogue.

FÁBIO CEZAR

Carioca, graduado em Letras, é poeta, músico e professor. Participou como guitarrista e compositor em bandas de rock na cena underground. Escreve em colaboração a revistas, jornais e sites culturais. Editou o zine literário Falárica em edições eletrônica e panfletária, através do qual divulgou sua poesia e de outros poetas e prosadores. Mantém o blog Tediário Poetético .
, laboratório poético onde expõe suas "hipatéticas experiências eletro-estéticas". É autor de Polivocalia (e-book, ed. do autor), além de outros poemas, artigos, ensaios, crônicas e uma peça de teatro inéditos. Visite seu blogue ou site.

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Flora Hannah ou Graciele Tules, a Graci?! Você é quem sabe. Flora é a criação, Graci é a criatura, além de uma pretensiosa aspirante de professora, fotografa e poetisa. Ela nasceu em 1981, em Joinville, e passou a infância ajudando seu pai a arrumar o encanamento entupido. Hoje passa os dias a contar e assassinar moscas. Visite seu blogue

JU REPCHUK

Olho o tempo passando pela janela do meu quarto. Tenho teorias malucas. Ando lendo revistas em excesso. Ando rindo em excesso. Ando grávida. Ando professora de inglês. Ando a pé. Ando mascando o chiclete. Paranaense cosmopolitana. Otimista com as pessoas. Comigo mesma. Aprendendo o manuseio correto das palavras. Conhecendo novas bandas de rock. Apaixoanda por lecionar, por cantar, por namorar... Prefiro o PC à TV. Adepta do widescreen e linguagem original no vídeo. Aprendendo Francês. Tendo uma queda no Alemão. Ainda tenho muito que aprender do Inglês. Da vida.

LUCILA

Pinto (ops), bordo, chuleio, crocheteio e tricoteio, não dirijo e nem ando de bicicleta, tenho talento pra finanças e pro desenho, encanto mais do que canto e a única coisa que quero aprender a tocar é a alma das pessoas. Sobre artes não sei muito, menos ainda da arte de amar. Leio muito menos do que gostaria e muito mais do que as pessoas que convivo. O sol em aquário faz com que a tecnologia e o novo guiem minha vida, a queda que tenho pelo belo, pelo sofisticado e pelo erótico, libra explica. Amo os animais até mesmo aqueles que partiram meu coração. Tenho um sorriso farto e fácil, boca bonita, lágrimas escassas, um bom humor praticamente inabalável e dificuldade de chorar apesar das dores. Me apaixono todos os dias, quase sempre pela pessoa errada, amar amei pouco e fui amada por muitos, não sou uma pessoa de fácil convívio apesar da primeira impressão. Não ligo para presentes, mas sou movida a elogios. Gentilezas e educação me conquistam instantaneamente. Prefiro lambidas à mordidas, mas não me provoque... Visite seu blogue.

LUISANDRO

Catarinense de nascimento, Paranaense de coração. Professor, pô(eta!), apaixonado por Dalton Trevisan, Fernando Pessoas, Woddy Allen e é lingüista também só pra variar. Desvive em Florianópolis (infelizmente não na ilha). Só não fugiu com o circo porque a única coisa que saberia fazer é alimentar os animais. Quer publicar um livro e fazer um filho (um dia desses de chuva, quem sabe?). Visite seu blogue.
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