OESCAMBAL
terça-feira, outubro 10, 2006

Caio Ricardo Bona Moreira

HOTEL STRADA
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Quando venho para cá, fico hospedado numa pousada aconchegante, perto da rodoviária. O local é administrado por um simpático casal de velhos paulistas. Hoje, o seu Cláudio disse que não havia nenhuma vaga. Lamentou a minha situação e prometeu ligar para alguns hotéis da cidade. Poderia resolver o meu problema. Eu sabia que não. Sentei e esperei.

Alguns minutos depois, o dono da pousada trouxe um papel que indicava: Hotel Strada – rua Xavier Monteiro – número 642.

Guardei a anotação, escrita com má caligrafia (por que fico prestando atenção nessas coisas?), agradeci e saí.

Transformei meu trabalho num pesadelo. Cansei de viajar sempre para o mesmo lugar. Cada vez, até chegar aqui, o tempo parece inventar um outro espaço. É a estrada que se expande, ou minha cabeça que não se comporta? Só venho aqui por uma coisa.

Entrei no hotel.

Para que descrever os lugares nesse texto que deve ser pequeno? Toda descrição é uma economia. Nunca gostei de fazer economias, por isso não descrevo, entendeu?

Enquanto espero a velha recepcionista voltar do banheiro (eu já sabia que ela estava no banheiro, ou não sou o escritor dessa história?), escrevo bobagens nesse papel.

Voltou. Ofereceu uma xícara de café. “O hotel não existe mais! Fechamos. Muito trabalho”. Por que é que no sonho sempre sei o que as pessoas vão dizer?

Eu tenho uma teoria: as pessoas adoram rabiscar papéis. É uma forma inventar seu próprio mundo. Se não for isso, talvez seja outra coisa. Falta do que fazer. Eu sempre escrevo no primeiro papel que cai na minha mão.

“O sinhô não liga de eu botar esse pozinho branco no café não? É pra REAL-çá o sabor”.

Sempre achei a filha do seu Cláudio a mulher mais bonita dessa cidade. E ela nem sabe que só estou aqui por ela. Minhas viagens já acabaram. De que adiantava ficar no hotel Strada? Hoje, o seu Cláudio contou que ela casou com o veterinário da cidade. Vaca! Não volto mais aqui.

“Tudo bem!”

Enquanto tomo o café, pego o papel e volto a anotar.

A velha recepcionista tem uma verruga na testa. Sei que ela está me olhando. Sinto que estou tonto. Não paro de escrever.

“Mistérios da meia-noite que voam longe / que você nunca / não sabe nunca / se vão se ficam / quem vai / quem foi”.

Quando escuto uma música que gosto, sinto-me em casa. Por isso aceitei o café.

Escuto um batuque assustador nos fundos da casa. Eu sei, só pode ser da minha cabeça. Estou tonto, mas não paro de escrever. Sei muito bem o que estou fazendo. Foi essa maldita velha com sua boca de crocodilo, que agora sorri para mim. Acho que estou ... estou, estou sim. O seu Cláudio me mandou para o lugar errado. Já nem sei dizer se sou feliz ou não.

“Merda!” Estou suando.

Quando era pequeno, gostava de ler todos os livros da série vaga-lume. Em 1959, Resnais lançou Hiroshima Meu Amor. A palavra pão rima com mão. Eu conferi se a porta lá de casa tava fechada? Preciso terminar de ler o livro de John Fante. Como era mesmo o nome do livro? “O que é isso?”. Estou zonzo. Eu grito para a velha: “O que está acontecendo?”. De dentro de seu corpo gordo, pula uma voz horrível:

“Pergunte ao pó!”.

caio ricardo bona moreira 8:17 AM



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orig.obsc.; talvez relacionado com a raiz de cambada, com alt. de sufixo para -al 'grande quantidade' e depois grafado com -u, seguindo a pronúncia do -l final, predominante no Brasil, *os cambal > *o scambal > o escambau, ou ainda da raiz de 1cambo/1camba, por processo semelhante; levantou-se ainda a possibilidade de o voc. originar-se de *os cambau > *'s cambau > *scambau > escambau, hipótese que se poderia admitir do ponto de vista da fonética sintática, mas que seria de difícil sustentação do ponto de vista semântico.pode significar ao mesmo tempo: algo que não é verdade, grande quantidade, uma coisa incrível ou a expressão "e muito mais" ... e o escambau
(...)
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Eu estou poemando, logo existo, ou pelo menos insisto. Essa é uma das minhas meditações, uma espécie de mantra semântico, esse é meu canto assintático. . Visite seu blogue.

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Carioca, graduado em Letras, é poeta, músico e professor. Participou como guitarrista e compositor em bandas de rock na cena underground. Escreve em colaboração a revistas, jornais e sites culturais. Editou o zine literário Falárica em edições eletrônica e panfletária, através do qual divulgou sua poesia e de outros poetas e prosadores. Mantém o blog Tediário Poetético .
, laboratório poético onde expõe suas "hipatéticas experiências eletro-estéticas". É autor de Polivocalia (e-book, ed. do autor), além de outros poemas, artigos, ensaios, crônicas e uma peça de teatro inéditos. Visite seu blogue ou site.

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Olho o tempo passando pela janela do meu quarto. Tenho teorias malucas. Ando lendo revistas em excesso. Ando rindo em excesso. Ando grávida. Ando professora de inglês. Ando a pé. Ando mascando o chiclete. Paranaense cosmopolitana. Otimista com as pessoas. Comigo mesma. Aprendendo o manuseio correto das palavras. Conhecendo novas bandas de rock. Apaixoanda por lecionar, por cantar, por namorar... Prefiro o PC à TV. Adepta do widescreen e linguagem original no vídeo. Aprendendo Francês. Tendo uma queda no Alemão. Ainda tenho muito que aprender do Inglês. Da vida.

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Pinto (ops), bordo, chuleio, crocheteio e tricoteio, não dirijo e nem ando de bicicleta, tenho talento pra finanças e pro desenho, encanto mais do que canto e a única coisa que quero aprender a tocar é a alma das pessoas. Sobre artes não sei muito, menos ainda da arte de amar. Leio muito menos do que gostaria e muito mais do que as pessoas que convivo. O sol em aquário faz com que a tecnologia e o novo guiem minha vida, a queda que tenho pelo belo, pelo sofisticado e pelo erótico, libra explica. Amo os animais até mesmo aqueles que partiram meu coração. Tenho um sorriso farto e fácil, boca bonita, lágrimas escassas, um bom humor praticamente inabalável e dificuldade de chorar apesar das dores. Me apaixono todos os dias, quase sempre pela pessoa errada, amar amei pouco e fui amada por muitos, não sou uma pessoa de fácil convívio apesar da primeira impressão. Não ligo para presentes, mas sou movida a elogios. Gentilezas e educação me conquistam instantaneamente. Prefiro lambidas à mordidas, mas não me provoque... Visite seu blogue.

LUISANDRO

Catarinense de nascimento, Paranaense de coração. Professor, pô(eta!), apaixonado por Dalton Trevisan, Fernando Pessoas, Woddy Allen e é lingüista também só pra variar. Desvive em Florianópolis (infelizmente não na ilha). Só não fugiu com o circo porque a única coisa que saberia fazer é alimentar os animais. Quer publicar um livro e fazer um filho (um dia desses de chuva, quem sabe?). Visite seu blogue.
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