A poesia, bela arte, parnasiana ou joyce-oswald-leminskiana, é prazer. Prazer é estética. Pode haver tanta estética numa ambigüidade quanto na bunda da Juliana Paes, ou nos olhos na Jeniffer Conelly. A diferença entre ambas é fundamental. O tipo de prazer estético que nos causam é fundamental. Uma nos á prazer estético por ser um recurso da arte da palavra. A outra nos causa o prazer pela hipótese do prazer da carne. União: carne e linguagem são instintos! Mas quero falar aqui de um tipo de poesia: a visual (não ligada a carne). Cada vez que vejo um filme oriental percebo que há uma carga de poesia imensa na imagem oriental. O quadro, a luz, o foco. É como se em cada cena, a cada quadro, uma fotografia fosse tirada (e não é essa a idéia por detrás?). Em “o clã das adagas voadoras”. Há uma cena em que no meio da floresta de bambus até os personagens tornam-se verdes, a cena reveste-se de uma poesia que dói. Não dor física. É um dor de saber, de duvidar que alguém pode fazer uma coisa dessa. Fundamental os olhos do diretor, os olhos que vêem a cena detrás da câmera e diz: oquei, é isso mesmo! Ou na cena dos “sonhos” de Kurasawa, em que van Gogh pinta no campo de trigos e passa pela ponte da estrada vicinal, uma ponte simples e absurdamente interessante pela sua cor e forma. A natureza é revestida de uma cor, que aos nossos olhos talvez fosse imperceptível, olhos vestidos, porque aos olhos nus tudo seria possível ver. O que o cinema faz, é nos mostrar essa pequena poesia que está na cor dos bambus, no amarelo dos campos de trigo, no reflexo de uma ponte na água. Para mim a função da arte é essa, sobretudo e antes de tudo, mostrar a poesia das pequenas naturezas à nossa volta. Seja a graça da linguagem e seus jogos, um mendigo manco subindo uma ladeira, os quintanares da existência. Pois é isso que nos faz sentir-se vivos e parte dessa maravilha.
Luisandro tenta dizer alguma coisa que valha a pena se lida por aqui sempre às segundas...
ps. tentei, mas não consegui colocar imagem no post.
L. M. de Souza 2:11 PM