OESCAMBAL
sexta-feira, agosto 18, 2006
Fragmentos

Eu podia falar de como fui parar lá por acaso. Podia dizer do quanto aquele lugar me fez ficar viajando nos desejos das pessoas ali presentes, nos códigos de conduta, na ânsia meio histérica de reduzir a mera diversão o labirinto perigoso que se abre sempre nos nossos encontros.
Talvez eu pudesse falar também de sintonia, de como você soube num primeiro olhar que se eu quisesse algo da noite seriam as minhas mãos, os meus dedos, a minha temperatura que me conduziriam (e de como você concordou num sorriso). Ou contar do inusitado jogo de olhares, gato-e-rato, o atrito dos corpos, a quase-luxúria pública. Todos em volta, a nudez e gemidos imaginados por nós e nós por horas entretidos na sinuca das sondagens.
Poderia mesmo narrar a parte divertida, minhas convicções indo por terra quando de um puxão para o beijo e o seu pau quase saindo da calça foi tudo muito rápido e eu nem pensei em nada. Dizer que daí em diante tudo ficou turvo e passou a existir ali só a minha boca, só o contato da carne pulsante e nada além do cinza dos seus olhos. Olhos boquiabertos.
E eu que estava indo embora, e eu que tanto arquitetei racionalizações me vi abrindo num único movimento o ziper e as possibilidades.
É, eu podia desfiar aqui cada detalhe do desfecho inusitado da estória. Ou ponderar que não fossem as pernas ainda bambas e a marca na curva do pescoço me desnorteando ali na escada, eu mesma custaria a acreditar que foi como foi.
Eu podia, sim. Mas hoje ainda é ... ah, o hoje... o frio congelou as memórias e prefiro deixar aqui só entrelinhas e desejo de ...

***
Ele veio e eu pude reparar direito, tão castanho, tão alto, que mesmo de salto ainda bato no peito dele.
Quando está frio ele fica com as mãos meio roxas e por qualquer coisa avermelha, seus olhos são azul-outro-mundo e me dizem, às vezes, que não enxergam direito, mas fitam todo movimento que faço, por isso sei que esses olhos gostam de mim.
Ele veio.
E todas as coisas saíram da sua ordem natural, não sei mais as coisas que sabia.
Esqueci o que li nos livros, lugares por onde andei, nem sei se estive em algum lugar antes.
Hoje só sei ficar com ele, com a ponta dos dedos tateando suas formas, suas marcas, tentando decorar cada milímetro da pele, fazendo carinhos suspensos, olhando... olhando... como se guardando um tesouro.
***

Tarde cinza, lembranças daqueles olhos, meio santos, meio bandidos, profanos, amor clandestino, estranho, amor, a presença dele sempre comigo e os pensamentos, tenho pensado coisas, a voz além do oceano, saudade ele diz, sorrio, ele sabe, cumplicidade de uma vida toda, duas vidas, não sei, um trecho de Caio e a dor ali à espreita, de tempos em tempos choque, de tempos em tempos faíscas, de tempos em tempos desejo, de tempos em tempos choro, madrugada insone, espera, é, parece que o espero (ainda e sempre) e a certeza que chega através da respiração-que-vem-de-longe-que-vem-abafada-que-vem-ofegante. Bobagens...


ludelfuego 11:29 AM



Literatura, lixeratura, Música, Cinema, Teatro e outros bordéis.

Adriana Scarpin- domingo
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orig.obsc.; talvez relacionado com a raiz de cambada, com alt. de sufixo para -al 'grande quantidade' e depois grafado com -u, seguindo a pronúncia do -l final, predominante no Brasil, *os cambal > *o scambal > o escambau, ou ainda da raiz de 1cambo/1camba, por processo semelhante; levantou-se ainda a possibilidade de o voc. originar-se de *os cambau > *'s cambau > *scambau > escambau, hipótese que se poderia admitir do ponto de vista da fonética sintática, mas que seria de difícil sustentação do ponto de vista semântico.pode significar ao mesmo tempo: algo que não é verdade, grande quantidade, uma coisa incrível ou a expressão "e muito mais" ... e o escambau
(...)
ADRIANA SCARPIN

Eu existo. Ou não. Visite seu blogue.

CAIO RICARDO

Eu estou poemando, logo existo, ou pelo menos insisto. Essa é uma das minhas meditações, uma espécie de mantra semântico, esse é meu canto assintático. . Visite seu blogue.

FÁBIO CEZAR

Carioca, graduado em Letras, é poeta, músico e professor. Participou como guitarrista e compositor em bandas de rock na cena underground. Escreve em colaboração a revistas, jornais e sites culturais. Editou o zine literário Falárica em edições eletrônica e panfletária, através do qual divulgou sua poesia e de outros poetas e prosadores. Mantém o blog Tediário Poetético .
, laboratório poético onde expõe suas "hipatéticas experiências eletro-estéticas". É autor de Polivocalia (e-book, ed. do autor), além de outros poemas, artigos, ensaios, crônicas e uma peça de teatro inéditos. Visite seu blogue ou site.

FLORA HANNAH

Flora Hannah ou Graciele Tules, a Graci?! Você é quem sabe. Flora é a criação, Graci é a criatura, além de uma pretensiosa aspirante de professora, fotografa e poetisa. Ela nasceu em 1981, em Joinville, e passou a infância ajudando seu pai a arrumar o encanamento entupido. Hoje passa os dias a contar e assassinar moscas. Visite seu blogue

JU REPCHUK

Olho o tempo passando pela janela do meu quarto. Tenho teorias malucas. Ando lendo revistas em excesso. Ando rindo em excesso. Ando grávida. Ando professora de inglês. Ando a pé. Ando mascando o chiclete. Paranaense cosmopolitana. Otimista com as pessoas. Comigo mesma. Aprendendo o manuseio correto das palavras. Conhecendo novas bandas de rock. Apaixoanda por lecionar, por cantar, por namorar... Prefiro o PC à TV. Adepta do widescreen e linguagem original no vídeo. Aprendendo Francês. Tendo uma queda no Alemão. Ainda tenho muito que aprender do Inglês. Da vida.

LUCILA

Pinto (ops), bordo, chuleio, crocheteio e tricoteio, não dirijo e nem ando de bicicleta, tenho talento pra finanças e pro desenho, encanto mais do que canto e a única coisa que quero aprender a tocar é a alma das pessoas. Sobre artes não sei muito, menos ainda da arte de amar. Leio muito menos do que gostaria e muito mais do que as pessoas que convivo. O sol em aquário faz com que a tecnologia e o novo guiem minha vida, a queda que tenho pelo belo, pelo sofisticado e pelo erótico, libra explica. Amo os animais até mesmo aqueles que partiram meu coração. Tenho um sorriso farto e fácil, boca bonita, lágrimas escassas, um bom humor praticamente inabalável e dificuldade de chorar apesar das dores. Me apaixono todos os dias, quase sempre pela pessoa errada, amar amei pouco e fui amada por muitos, não sou uma pessoa de fácil convívio apesar da primeira impressão. Não ligo para presentes, mas sou movida a elogios. Gentilezas e educação me conquistam instantaneamente. Prefiro lambidas à mordidas, mas não me provoque... Visite seu blogue.

LUISANDRO

Catarinense de nascimento, Paranaense de coração. Professor, pô(eta!), apaixonado por Dalton Trevisan, Fernando Pessoas, Woddy Allen e é lingüista também só pra variar. Desvive em Florianópolis (infelizmente não na ilha). Só não fugiu com o circo porque a única coisa que saberia fazer é alimentar os animais. Quer publicar um livro e fazer um filho (um dia desses de chuva, quem sabe?). Visite seu blogue.
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